sábado, 8 de abril de 2017

"quer uma bola? eu tô de boas"

o novelo de chumbo
que coroa meu pescoço
reinvidica demissão
por justa causa

calço o esgoto
em que chafurdam
os espelhos
do meio do caminho

a bruma fria
que me cobra
repreende
meu delírio enfadonho
colher seixos
na noite primitiva
recolher vacuidades
no vão
entre o ser em si e o ser para si

termocionalmente implodem-se todos os grãos que mosaicam em uma melodia psicótica o cerne da minha sombra seca: a monotonia da alucinação (in) coletiva

os cervos acenando nas dunas de um silêncio ocular olvidado na amálgama dos séculos

teu timbre úmido pulverizando minha obselescência programada

retalho
amasso
esmago

a névoa que me cinge a lucidez que precede outro reigicídio mental

comprimo-me
mas não me engulo

se você fosse uma peça de xadrez
seria um cavalo

entabulo
meus cacos
em outras
fraturas temporais

danço
sem abdicar do meu ódio por todas as pessoas egocêntricas que ousam me macular com um toque inexorável no meio de um busão lotado

não, não estou fritando
já me queimei na pira
desta nostalgia paradoxal

apenas agarro
apenas ofego
apenas nego

estou farto de estar
farto de se fadigar

repito o mantra:
eu tô sempre dopado

ele caminhou lentamente em sua própria ausência, pariu assentado no medo o mais feio dos golens, maquiou-se com comerciais imperativos, mutilou-se com gargalhadas surdas e sussurrou:
i'm a loser
so why don't you kill me?

só pra frisar o óbvio:
eu tô sempre dopado
&
a sociedade é uma fantástica fábrica de suicídios

ray cruz

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