domingo, 2 de abril de 2017

carta aberta para Nasrudim

a cada minuto
fito teu anel
acorrentando meu pescoço,
nunca mais
conjugarei, em primeira pessoa,
aquele maldito verbo intransitivo.

todo mundo escorre,
para longe,
como tapetes sangrando,
sem culpa.

evaporo no caroço
chuto o que há,
entre minhas pernas.
o espelho, não, pode me afogar
enquanto eu espelhar a manada?

ouço a sinfonia em riste;
todas as almas penadas
gemendo em cada metro do metrô.

mesmo, sem empúlpitar o óbvio, choramos e mentimos,
lady lazarus se equivocou.
o amor é um eclipse
&
você...
você é minha sombra
ecoando, escoando, ecoando...

apenas nossas dúvidas eram recíprocas.?.

meus dedos queimados espremendo tuas chagas, tua presença ausente farejando cada passo que enraizei nas nuvens. não preciso repetir este segredo: só continuamos no palco por odiar a platéia.

 
ray cruz

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